Tempo de balanço
Chuvas torrenciais fazem 82 mortos na província de Luanda
As chuvas torrenciais registadas na província de Luanda, nos passados dias 17 e 22, causaram pelo menos 82 mortos, revelou esta quarta-feira à Agência Lusa o porta-voz do Corpo Nacional de Bombeiros, Faustino Sebastião.
«Até hoje, só no município de Cacuaco, estão contabilizados 52 mortos, para além daqueles (30) que morreram noutras zonas de Luanda desde o dia 17 deste mês», salientou o porta-voz, elevando para 82 o número oficial de vítimas mortais.
No entanto, o porta-voz da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, que hoje acompanhou o presidente do partido, Isaías Samakuva, numa visita às áreas mais afectadas pelas enxurradas, garante que «o número de mortos é superior ao que tem sido veiculado oficialmente».
O líder do Galo Negro exortou, em comunicado, o Governo angolano a tomar «medidas excepcionais» para minorar o sofrimento da população e «a rever o modo como são construídas e fiscalizadas as infra-estruturas».
O Governo angolano reuniu-se hoje em Conselho de Ministros, para analisar a situação decorrente da intempérie.
O ministro do Interior angolano, Roberto Leal Monteiro «N`Gongo», disse à Rádio Nacional de Angola que o executivo disponibilizou uma verba de dez milhões de dólares para acudir às vítimas das chuvas.
De acordo com Faustino Sebastião, a CNPC já accionou os primeiros meios para prestar assistência às populações sinistradas, através da entrega de tendas, chapas de zinco, cobertores, utensílios de cozinha e alimentos.
A CNPC também está preocupada com a acumulação de águas estagnadas, que são um veículo de transmissão de doenças como a cólera e a malária, e, segundo o porta-voz do Corpo Nacional de Bombeiros, essa será uma das prioridades das equipas de emergência.
Faustino Sebastião afirmou ainda que «começaram hoje a ser realizados os funerais conjuntos das vítimas já identificadas», devendo as outras ser sepultadas à medida que forem reconhecidas.
«Nem todas as pessoas que morreram pertencem aos municípios» onde os corpos foram encontrados, salientou o porta-voz dos bombeiros.
Adalberto da Costa Júnior, em declarações à Agência Lusa, salientou o facto de muitas dos cadáveres encontrados no Cacuaco, a norte de Luanda, terem sido arrastados pelas águas desde o município de Viana, situado a leste da capital angolana.
O último balanço oficial das chuvas, divulgado na terça-feira pelo Governo Provincial de Luanda, indicava que, além dos mortos no Cacucaco, havia a lamentar perdas de vidas humanas nos municípios da Samba (19), Kilamba Kiaxi (7) e Viana (4).
Entre os desaparecidos figuram duas crianças, uma no município da Samba e outra no Cacuaco.
O relatório refere ainda que as chuvas destruíram mais de 1.100 casas e deixaram 8.500 pessoas desalojadas.
Além disso, quase 4.000 famílias encontram-se em situação de risco no município das Ingombotas e outras 2.500 na Samba.
O documento faz referência ainda à destruição de três pontes nos municípios do Kilamba Kiaxi e Samba.
A enxurrada do passado dia 17 de Janeiro já fez aumentar o número de casos de cólera na província de Luanda, com o município do Cacuaco a registar, segundo as autoridades, »um aumento vertiginoso« de 15 pessoas infectadas por dia.
Hoje, voltou a chover na capital angolana, numa intensidade inferior às anteriores, não tendo as autoridades divulgado ainda quais os danos provocados.
Jornal de Angola, 24.01.2007
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